sábado, 6 de agosto de 2016

A abertura das Olímpiadas e o preconceito em ser brasileiro

O brasileiro tem uma peculiaridade: de forma geral ele não se reconhece como brasileiro. Ele se reconhece como gaúcho, carioca, paulista, nordestino, etc, mas a questão da identidade nacional é complexa. 

Talvez isso explique o porquê tenhamos ficados tão surpresos com a Cerimônia de Abertura das Olimpíadas, que arrancou elogios até dos mais incrédulos. 

Como assim o Brasil fez algo que preste? Como assim não houve nenhuma gafe? Como assim a Anitta não esculachou com tudo? Como assim não houve atentado? Essa perplexidade revela muito sobre a percepção que temos de nossa nação: de forma geral, temos preconceito em ser brasileiros. 
"Em Londres teve Paul McCartney, aqui vai ter Anitta", diziam, esquecendo que Londres também teve Spice Girls e One Direction, representantes do que há de mais descartável na música pop. Isso é apenas um exemplo do que se viu e ouviu por aí. O fato é que a mentalidade de colonizado ainda impera. 

Obviamente, o Brasil não se encerra no que foi apresentado na abertura das Olimpíadas, que refletiu mais uma visão "cariococêntrica". Mas como diz o belo samba cantado na cerimônia "isso é um pouquinho de Brasil". Há outros fatores que também contribuem para a sofrível auto-estima nacional, como o fato de termos um presidente de legitimidade questionável (e que foi sonoramente vaiado) e saber que a conta da festa vai ser dolorosa. Porém, continuar negando que somos todos peças dessa engrenagem não ajuda em nada. 

Sendo otimista, quem sabe o evento não tenha o caráter didático de nos ensinar a conviver melhor com aquilo que somos para podermos nos tornar aquilo que desejamos.

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