quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Disco do Ano - Zeca Baleiro


O título que a princípio pode soar pretensioso é na verdade uma grande ironia. Numa época de downloads caracterizada pela imaterialidade do 'produto' do músico, o "Disco do Ano" se destaca também pelo ótimo trabalho gráfico, que inclui dois encartes com as letras das músicas, e o próprio cd reproduz a aparência de um disco de vinil. E é nesse diálogo entre antigo e moderno, entre o dito e o não-dito que se constrói a poética do Baleiro.

O jogo de palavras (O amor é uma/ brasa mora /dentro do meu coração”, em “O amor viajou”), as referências pop (“O sonho de Lennon morreu / O meu não”, em “Felicidade pode ser qualquer coisa”), a incorporação de maneirismos tecnológicos à linguagem cotidiana (“O hype dos ringtones / o megahit no youtube”, em “Mamãe no Face”), enfim, todos os elementos que lhe são peculiares encontram-se novamente presentes.

A temática sentimental predomina, hora mais introspectiva, hora jocosa, refletindo aspectos das relações pessoais em tempos de redes sociais (“Vou excluir você do meu Facebook“, na faixa  “Meu amigo Enock”). Mas há espaço para a crítica aos valores da sociedade de consumo como em “O Desejo” (“Você é feliz ma non troppo / Porque nenhum bem lhe basta / E a falta a falta a falta / sua vida devassa”).

Musicalmente, o mesmo balaio de ritmos de sempre, desta vez tendo um produtor para cada faixa.

Pode não ser o “Disco do ano”, mas trata-se de uma obra que merece ser ouvida. Não importa o formato.

Confira o clip de "Calma aí, coração"


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